03 outubro, 2007

BEHIND THE MASK: THE RISE OF LESLIE VERNON


Gênero: Mockumentary de Terror

Ano:
2006

Com:
Nathan Baesel, Angela Goethals, Robert Englund, Scot Wilson, Zelda Rubinstein

Direção:
Scott Glosserman

Argumento:
O próximo grande slasher psicopata deu a uma equipe de documentários acesso exclusivo a sua vida enquanto planeja seu reino de terror na pequena Glen Echo. Em entrevista exclusiva, ele descontrói as convenções e arquétipos de um gênero de horror que já deu ao mundo Jason, Myers e Freddy.


A virginal Kelly usa uma arma fálica para enfrentar seu algoz 

Sinopse: Estrelado por um grupo de célebres desconhecidos misturados a figurinhinhas carimbadas dos fãs de horror, Behind the Mask… eleva a nerdice ao cubo ao imaginar como seria um filme concebido, estrelado e realizado por Randy Meeks, se este infeliz não tivesse morrido lá pela metade de Pânico. No filme de Glosserman, quem dá as dicas é o próprio assassino, Leslie Vernon (Nathan Baesel em seu primeiro papel digno de nota), que na infância foi linchado pela população local após ter matado seus pais. Trinta anos depois, Vernon, que andou treinando duro, muito duro, volta para se vingar contra a população local, escolhendo os jovens como suas vítimas em potencial.
Nota: 8 

Roteiro: Durante a primeira hora de filme, Leslie cuidadosamente disseca cada um dos clichês do gênero, preparando o campo para a carnificina que vem em seguida. Somos apresentados, em primeira-mão, a todos os processos necessários para se estripar, torturar, e detonar um bando incompetente e bastante burro de adolescentes. Leslie concentra-se, também, em criar uma conexão com sua garota Sobrevivente: a virginal que, no fim da carnificina, enfrentará-lo de igual para igual. Se não existir esta conexão, os assassinatos não terão cumprido o seu objetivo. No caso de Vernon, esta jovem é garçonete loira Kelly.

Conduzindo o documentário está a jornalista Taylor Gentry (Angela Goethals fazendo a transição de estrela infantil para a maioridade) e os cinegrafistas Doug e Todd. À medida que o filme vai evoluindo, vamos reparando mais nos trejeitos de Taylor: sua constante curiosidade, seu faro investigativo (é uma jornalista, afinal), sua ingenuidade, seu sorriso cativante… Quando a barra começa a pesar, Taylor entra num dilema profissional: deve ela tentar impedir toda aquela carnifica ou apenas continuar filmando?


Ele pode não ter um grande personagem, mas ainda sabe o que faz 

Não obstante, ficamos chocados com a idéia de que um sujeito tão agradável e boa pinta como Leslie Vernon seja capaz de fazer mal a uma mosca. Que dirá a um bando de jovens. Mas é aí que se encontra a perfídia e a genialidade de Vernon. E, neste detalhe que é bom demais para ser contado sem estragar a virada do filme, é que se encontra a motivação de um assassino em declarar seus próximos assassinatos.

Como carta fora do baralho existe o personagem do célebre Robert Englund (o Freddy em pessoa). Ele faz o papel do Dr. Halloran, o Abnegado, aquele sujeito que sintetiza em si todas as qualidades do Bem e do que é Justo, em oposição ao Mal. Porém, sua primeira aparição deixa uma dúvida quanto a um (im)provável furo de roteiro.
Nota: 8


Leslie Vernon é o próximo Jason! 

Atuação: A personagem de Angela Goethals (Taylor) é, desde o início, inocentemente manipulada por Leslie, que mostra-se amigável e despreocupado. A interpretação de Nathan para Leslie lembra muito - física e psicologicamente - a Jim Carrey e, claro, não poderíamos simpatizar mais com ele do que de outra maneira. Rober Englund, apesar de não ter um personagem bem desenvolvido, ainda é o velho Freddy: os mesmos olhos frios e ao mesmo tempo muito expressivos. Scott Wilson, como o psicopata aposentado Eugene e Bridgett Newton como a esposa Jamie estão maravilhosos! Os personagens são ótimos: Jamie é a garota Sobrevivente de uma das noites de assassínio de Eugene - e a provável razão de sua aposentadoria - que apaixonou-se por seu algoz. Eugene figura entre um dos melhores do seu tempo (os anos 1960 e 1970) e o mentor entusiasmado de Leslie Vernon.Note a data de atuação de Eugene: antes dos “garotos” Jason Voorhes, Freddy Krueger e Mike Myers revolucionarem o gênero. Os três são citados como grandes exemplos a serem seguidos pois, como comenta Eugene, transformaram-se em verdadeiras maldições, abrindo mão de suas mortalidades para adentrarem um mundo completamente novo e muito mais nocivo: o das idéias.
Nota: 7 

Direção: O filme é dirigido pelo estreante Scott Glosserman - que produziu um curta alegremente entitulado No Escape: Prison Rape -, que segura muito bem a onda. Na primeira metade do filme, estilo documentário, o diretor não abusa muito; aproveita a linguagem televisiva para contar sua história. Os momentos de "bastidores" da produção - onde a linguagem de reportagem é deixada de lado - tem uma criatividade maior de Glosserman. Seu mérito, porém, é filmar a mesma ação duas vezes, em situações diferentes, e não ficar chato.
Nota: 8 

Total: 87% 

Depois de tudo: Black Mask: the Rise of Leslie Vernon é um ótimo presente para todos os fãs de terror, principalmente aqueles que – como eu – tiveram seu primeiro contato com o gênero nas sessões da tarde do final da década de 1980, quando pérolas como Sexta-Feira 13, A Hora do Pesadelo, Primeiro de Abril dos Mortos e outros faziam a nossa alegria. É um filme de fã para fã. Ainda, é um filme para aqueles que odeiam os slashers, por todas as críticas indubitáveis deles, como falta de profundidade dos personagens, clichês, alegorias do Bem e do Mal, etc. E Behind the Mask… se torna uma raridade por isso: é muito difícil encontrar um filme que agrade tanto aos fãs quanto aos detratores de um gênero. E Scott Glosserman conseguiu esta façanha. Recomendadíssimo. 

* Esta resenha foi originalmente escrita para meu blog anterior, Lugares Escuros.

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