04 outubro, 2007

THE REAPING


Gênero: Terror da Dark Castle

Ano:
2007

Com:
Hilary Swank, David Morrissey, Idris Elba, Annasophia Robb, Stephen Rea.

Direção:
Scott Glosserman 

Argumento: Katherine Winter (Swank) é uma ex-missionária católica que perdeu sua fé em Deus após a morte de seu marido e sua filha no Sudão. Cientista renomada, com a ajuda de seu assistente Ben (Elba), ela investiga fenômenos religiosos com o intuito de desmacará-los. Certo dia, ela é convidada a ir a cidadezinha de Haven, em Louisiana, onde a água do rio virou sangue após a morte misteriosa de um garoto. Após sua chegada, cada uma das pragas bíblicas toma conta da cidade, opondo-se à fé de Katherine. O elo de todo o fenômeno parece ser a misteriosa Loren (Robb), irmã do garoto morto. 

Sinopse: A idéia das dez pragas bíblicas é muito bacana. Obviamente, precisa de uma boa dose de dinheiro para se produzir tanto efeito especial - exclusivamente por isso, acredito, não foi mais explorado pelo cinema de terror. The Reaping explora bem a idéia. A virada do final transforma a coisa toda num pastiche de Cidade dos Amaldiçoados com Constantine - mas, nem por isso, não deixa de ser interessante.
Nota: 8 

Atuação: Hilary Swank é ganhadora de dois Oscars, e filmes de terror não "oscariza" ninguém. O que ela está fazendo aqui, então? Com certeza, carregando The Reaping nas costas. Ela é de longe a melhor atuação da fita. Idris Elba, como Ben, é carismático, tem personagem bem construído, e até chegamos a torcer por ele no final. Coisa rara em filme de terror: o personagem negro sempre é um dos primeiros a morrer. Stephen Rea faz uma ponta como um padre missionário da antiga legião de Katherine. É um ótimo ator, sempre magnífico em cena, mas aqui parece meio afetado. Na verdade, entra no clima da produção: todo mundo é meio exagerado. Mas ninguém é mais exagerado do que David Morrissey: o cara tem voz de radialista a fita inteira; não parece que ele está conversando com Katherine, mas sim proclamando o Repórter Esso.
Nota: 7 

Direção: Stephen Hopkins é um premiado diretor de TV, premiado com um Emmy por The Life and Death of Peter Sellers e um dos criadores da ótima Californication, com David Duchovny. Mas seu maior mérito é na ação televisiva: é o homem por trás de 24 Horas. No gênero, dirigiu Predador 2 e Nightmare on Elm Street 5. Hopkins tende a se focar no confronto entre Katherine, atéia, e Ben, católico praticante, quase pendendo para o dramalhão. Os flashbacks da família de Katherine no Sudão, muito freqüentes no meio do filme, acabam destruindo o clima do filme, e não acrescentam nada de novo para a história. Até a quarta praga - o gado morrendo - o filme vai num crescendo adequado e criando uma ótima ansiedade, mas daí vem os flashbacks e a conversa sobre religião, e tudo vai por água abaixo. Mas Hopkins tem seu mérito: o passeio de câmera pela a cena é muito bem usado. Seria interessante de ver tal recurso em mais filmes de terror, que tendem à estaticidade.
Nota: 7 

Desenvolvimento: O filme tem várias camadas, tende à complexidade e é bastante confuso a maior parte do tempo. Principalmente porque foi editado depois de pronto: repare na cena do ataque do touro, na destruição da caminhonete e de como ela está inteira na cena seguinte. A edição entrecortada se torna um verdadeiro quebra-cabeças, e dá a impressão de que o filme avança até certo ponto apenas para retornar à estaca zero. A metade do filme - a parte dos flashbacks e da procura de Loren - chega a ser entediante. The Reaping sofreu vários adiamentos para ser lançado, e mesmo assim faltou tempo para finalizar os efeitos especiais de algumas cenas, principalmente a última, que destoa de toda a produção. A cena do rio cheio de sangue é fantástica e chocante. A diferença para outros filmes de terror hollywoodianos, é que agora existem dois segredos no final: um deles é evidente para os mais "experientes"; no outro Hopkins consegue enganar ao público e a Katherine. Aí merece palmas. Outra ousadia - para os padrões hollywoodianos - é a violência contra as crianças.
Nota: 6 

Total: 70% 

Depois de tudo: Filmes com o selo Dark Castle tem a garantia de um punhado de efeitos especiais e um ritmo bem morno. Com uma identidade visual muito semelhante entre eles, carregada de objetos coloridos e fotografia "azulada" na hora dos sustos (vide principalmente Ghost Ship, Gothika e House of Wax), os filmes da produtora de Joel Silver e Robert Zemeckis peca ainda no principal de um filme de horror: o clima. O filme é bonito de se ver, bem atuado e bem conduzido, tem uma história interessante, etc, mas não consegue criar um clima propício para assustar. A primeira aparição de Loren é a cena mais assustadora do filme; o resto é uma história fantástica/bíblica de aventura. Mesmo assim, é um bom passatempo: se tivesse sido dirigo por um diretor asiático, a história seria bem mais "chocante": todos os elementos para tanto estão lá. Mas, da bomba House on the Haunted Hill à The Reaping, a Dark Castle tem evoluido. Será que a adaptação de Whiteout vai redimir os pecados anteriores da produtora? Tem tudo pra que seja assim. 

Makeup favorito: O irmão de Loren e o seu aspecto cadavérico hehe : )

2 comentários:

  1. Fantástica análise de um filme que faz parte de um gênero onde não se chama muita a atenção de grandes críticos.
    Bastante imparcial, parabéns!

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  2. também gostei na sua analise, já faz tempo que assiti o filme, mais uma coisa q me chamou atenção na sua analise e essa situação e relação ao segredos do final, que me levará a assisti-lo novamente.

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