30 setembro, 2007

O CHEIRO DO RALO


Gênero:
Comédia Dramática Nacional

Ano:
2007

Com:
Selton Mello, Paula Braun, Lourenço Mutarelli, Silvia Lourenço.

Direção:
Heitor Dahlia 

Argumento: Um antiquário compra artigos usados de pessoas desesperadas - mais para jogar seus perversos jogos de poder do que propriamente para vender. Quando uma bunda perfeita e o cheiro de um ralo entupido entram em sua vida, ele perde todo o controle.

Sinopse: O "ralo" do título é uma interessante metáfora à bagunça pessoal que Lourenço (Selton Mello) vive. Praticamente toda a sua vida está indo "pelo cano" (ou "pelo ralo" hehe): seu noivado, sua relação com os clientes, seu negócio. Ele confessa-se incapaz de amar - "nunca amei ninguém na minha vida", diz à noiva -, e que foi endurecendo ao longo dos anos a fim de tirar proveito máximo de seu negócio. Como antiquário, Lourenço compra inúmeros artigos inúteis; vende nenhum. Durante todo o tempo de exibição, somos apresentados a Lourenço comprando artefatos com grande valor sentimental de pessoas desesperadas por dinheiro, e trancafiando-os numa salinha escura. Em nenhum momento da fita alguém sai com algo em mãos além de dinheiro da loja de Lourenço (loja essa que sequer possui fachada).


Quando entra a Bunda na vida de Lourenço, ele perde-se totalmente. Sua obsessão por aquela Bunda - a que ele acredita ser "salvadora" - faz com que seu pequeno mundo cinza se desintegre. Além do noivado desmanchado, o cheiro do ralo vai ficando cada vez mais forte, impregnando-o a ele mesmo. "Você está doente, meio amarelo": Lourenço ouve essa crítica várias vezes. Quando percebe que o ralo está roubando o seu poder - retirando sua potência - Lourenço tenta inverter o jogo, propondo jogos sádicos com seus "clientes". Isto lhe dá uma sensação de poder momentânea, mas faz com que o cheiro do ralo só aumente.


Metáfora interessante é a figura paterna ausente na vida de Lourenço. Como ele é filho de mãe solteira, ele "constrói" seu pai através de vários artigos que compra, como um olho e uma perna mecânica, e lhes dá história. O olho, aliás, metáfora máxima da vida no cinema, torna-se cúmplice de Lourenço nas suas loucuras. "Este olho ainda não viu tudo", afirma. Não viu o ralo.
Nota: 8


Paula Braun é A Bunda


Atuação: Selton Mello tornou-se, já há algum tempo, o principal ator do cinema nacional. Talvez só divida o posto com Lázaro Ramos. Além da óbvia fama, Selton colocou dinheiro do próprio bolso para a realização de O Cheiro do Ralo. Sendo assim, era impossível não esperar mais uma atuação brilhante. Ele está tão integrado à personagem de Lourenço que fica impossível não se encantar com Selton. Ele é um arrogante filho da puta, mas seus delírios de poder com seu negócio (apesar da impotência para com sua vida) lhe dão um certo ar quixotesco. Lourenço é assim: toma a parte (A Bunda, O Olho, O Cheiro) e o transforma em todo (um relacionamento, um pai, uma vida). Lourenço Mutarelli, autor do livro no qual se baseia o filme, está sensacional como o Segurança. É um personagem - o próprio Mutarelli, não o Segurança - realmente à parte da realidade. Seu figurino - todo vermelho - é ótimo. A única intérprete meia-boca é a catarinense Paula Braun (garconete/A Bunda). Ela é exagerada em alguns momentos, e soa falsa em todos os outros. Seu único atributo é, sem dúvida, a bela bunda.
Nota: 8 

Roteiro: Baseado no livro de Mutarelli, o roteiro é bastante divertido. Tem algumas falhas, é verdade. A principal é que o filme realmente "se arrasta": as sucessivas "entrevistas" que Lourenço faz com quem lhe quer vender algo atrapalha um pouco a fita. Algumas destas entrevistas são divertidas e contribuem para a definição do caráter do personagem principal, seus problemas e conflitos, mas muitas estão lá apenas para o efeito de ser uma "sketch". Também existem bastante clichês - a drogada, a mulher casada que se vende, a noiva estérica, a garçonete de mini-saia, etc. Diálogo desnecessário para o personagem (des)humano de Mello é a conversa entre Lourenço e a empregada. Tentativa de humanizar o bastardo, fica claro ali para os antenados o desfecho do filme. Novamente, parte-se daquele pressuposto do quão é difícil adaptar uma obra literária; o que é mais importante mostrar e selecionar, e o que deverá ser descartado. Tenho certeza de que o livro de Mutarelli é ótimo ao ponto do descarte ser realmente complicado. Mas faltou empenho dos roteiristas (além de Dahlia, o escritor Marçal Aquino) na seleção desses momentos.
Nota: 6


Tomadas estilo Paul Thomas Anderson: o fundo é um quadro limitado



Direção & Linguagem: Heitor Dahlia (confesso que ainda não vi Nina) é tido como um promissor cineasta brasileiro. Em O Cheiro do Ralo, ele toma algumas decisões importantes para construir uma atmosfera suja (e fétida) para a vida de Lourenço. As três locações do filme - loja, apartamento, lancheria - são sujas e desarrumadas. A última é colorida e decorada de forma "kitsch", e tem um excesso de cores fortes como laranja e vermelho, o que acaba criando uma sensação "gordurosa" quando contrastada com os outros ambientes. O apartamento tem uma preponderância de verde - é portanto frio -, e na loja prepondera o cinza. Interessante notar que Lourenço sempre está vestido de marrom (uma analogia à merda que é sua vida, quem sabe?). Freqüentemente, Lourenço é visto caminhando da loja para a lancheria, passando sem objetivo por vários muros pichados e sujos (um deles inclusive faz menção à uma praia com coqueiros). Não sei de quem ouvi esse comentário, mas concordo: nesses momentos de caminhada, Lourenço lembra o personagem de Adam Sandler em "Punch Drunk Love". Outra: a sucessiva exibição da Bunda pode causar certo receio em algum seguimento do público. A Bunda é exibida pelo menos umas dez vezes até sua exibição final, nua. Também forçada e de mau gosto é o nu da drogada (Sílvia Lourenço), mas está completamente dentro do proposto pelo filme.
Nota: 8


Total: 75%

Depois de tudo:
O Cheiro do Ralo, apesar de um bom filme nacional, não é assim tão excelente. Um pouco de hype criado pela mídia, mais por causa do processo de cinema de guerrilha no qual foi criado e filmado. Feito com R$300 mil, o produto final impressiona pela apurada qualidade técnica. Mas, de cara, fica o evidente o porquê do Cinema Nacional não agradar à maioria: o filme é vulgar, sujo, safado. Como as velhas pornochanchadas, mas mais contido. A escatologia é característica da prosa de Mutarelli. Transposta às telas, pode ofender à massa. Torna-se, então, um filme de cinéfilos para cinéfilos.

A Bunda: Pra quem ficou curioso com ela, clique aqui. ; )

Frase favorita: "Faz que nem a merda: volta outra vez"

23 setembro, 2007

[CENA FAVORITA] DEATH PROOF


Eis a ótima cena de acidente do filme de Tarantino. Em câmera lenta, para não perder nenhum detalhe bizarro da batida!

Ótimo!!

DEATH PROOF


Gênero: Exploitation

Ano: 2007

Com: Kurt Russell, Rosario Dawson, Rose McGowan, Vanessa Ferlito, Jordan Ladd, Sydney Poitier, Tracie Thoms, Mary Elizabeth Winstead, Zoe Bell, Monica Staggs 

Direção: Quentin Tarantino 

Argumento: Dois grupos distintos de mulheres gostosas são perseguidas por um dublê que utiliza seu carro "à prova de morte" para executar seus planos homicidas.


Garotas bonitas, filmes B e pés: todos os fetiches de Tarantino reunidos


Sinopse: Por razões obscuras, o dublê de ator "Stuntman" Mike persegue garotas gostosas e as executa. Mike ficou "parado" na década de 1970, quando atuou na Indústria como dublê de clássicos do cinema B. O primeiro grupo que Mike persegue é formado pela radialista Julia Jungle (Sydney Portieir, filha do Sidney Portieir) e suas amigas Shanna, Lanna Frank e Arlene (a gostosa Vanessa Ferlito). As quatro são extremamente chatas e irritantes - um resumo maldoso de uma juventude que "se acha" - e merecem a morte, mais do que a morte as merece. Kurt Russel, como o Stuntman, faz o favor de levá-las para o além em ótimo estilo (e uma ajudinha de Tarantino, que repete quatro vezes a seqüência do acidente). Na segunda metade do filme, somos apresentados às dublês Kim e Zoe (Zoe Bell), à maquiadora Abby (Rosario Dawson, ótima como sempre) e à bobinha Lee. Aqui a coisa complica para o Stuntman, pois as garotas são tão malucas quanto ele. Uma bem-vinda cena de perseguição entre Stuntman Mike e as garotas encerra a fita.
Nota: 7


Stuntmen Mike propondo para Rose McGowan uma voltinha cheia de segundas intenções 

Atuação: Quem rouba a cena é Kurt Russell. Não sei se por pura empatia minha, mas o cara de colossos como "Fuga de NY", "Fuga de LA", "Aventureiros do Bairro Proibido", "3000 milhas do Inferno" e "Tango & Cash" é deveras carismático. Canastrão, fanfarrão, gozador... o cara tem tudo para ser o Rei dos Filmes B (se já não é, observando os títulos antes citados). Apesar de nunca realmente sabermos quem é Stuntman Mike, quem se importa, certo? Ele tem a cara e o carisma de Kurt Russell, e está lá pelo puro prazer de se divertir - até morrer. Completam o elenco as boas atuações de Rosario Dawson e Zoe Bell, e o próprio Quentin Tarantino numa ponta engraçadíssima, como de costume. Eli Roth também dá as caras. No geral, QT sabe como tornar as inúmeras linhas de diálogo convincentes na boca de seus atores.
Nota: 8


O grupo que merece morrer! (e Eli Roth no meio) 

Direção: Como já dito, QT sabe como fazer bom uso de seus atores na hora em que interpretam seus diálogos exaustivos. Eles soam convicentes. Mas desta vez ele perdeu a mão na hora da edição e do roteiro, e toda sua habilidade para escrever diálogos e para criar boas cenas encharcadas de sangue não salvam o filme. Uma pena. Parece que - ironicamente - QT não tem a "manha" para dirigir os filmes B que tanto idolatra. Ele é um cineasta de primeiro nível e, por isto mesmo, acaba tentando trazer cérebro para algo que deva parecer (e permanecer) descerebrado. Seu fetiche por pés é exaustivamente explorado em Death Proof.
Nota: 6


"Ei, ei, ei, Kurt Russell é nosso rei!" 

Roteiro: O fiapo de enredo é bastante rudimentar. Para "encher lingüiça", Quentin Tarantino abusa do que faz melhor: diálogos repletos de referências à cultura pop. Mas, como todo o abuso é prejudicial, é exatamente essa verborragia interminável que faz do filme um verdadeiro PÉ NO SACO de assistir. Ok, nós entendemos que o primeiro grupo de garotas é vulgar, mas essa idéia é-nos martelada na cabeça até o dizer-mos "chega!". A segunda hora do filme é melhor, tanto por possuir personagens melhores, quanto atuações melhores, e mais rapidez no desenrolar da trama. Mesmo assim, não existe necessidade em gastar vinte minutos de filme para apresentar cada grupo de personagens.
Nota: 5


O carrão de Stuntman Mike 

Desenvolvimento: A tentativa de QT em homenagear os filmes de sua adolescência o levou a esquecer de uma regra básica dos mesmos: um filme é feito para a diversão de equipe e público. Os mesmos filmes em que ele se inspira possuíam pouquíssimos diálogos, exatamente pela reconhecida incapacidade para se escrever algo que prestasse. Baseavam-se mais na edição rápida, nas cenas espetaculares (de dublês de carro) e efeitos "especiais" sangrentos. Tarantino parece esquecer tudo isso. Criou um filme cabeçóide de uma premissa simples. O filme é lento e cheio de diálogos que só atrapalham a ação. Quando Stuntman Mike atinge as pistas - é o que queremos, QT! - o filme melhora bastante. Nestas duas míseras cenas funciona!
Nota: 5 

Total: 62% 

É B ou não?: Surgiu uma dúvida na hora de avaliar Death Proof. Como norma, inverto as notas dos filmes B que avalio. Estão aí Prisoners of the Lost Universe e The Lost Empire para exemplificar. A Dimension Films vendeu Death Proof como um filme B. Então, logicamente, não deveria ter ele também a cotação invertida? Acredito que não. Por vários motivos, o mais óbvio sendo que o filme é repleto de astros; o mais obscuro: QT fez um filme cabeça de um filme B, Deus sabe como. As citações sobre cultura pop são tantas - e tão cansativas - que até Crash (meu último avaliado) foi citado: dois detetives conversam (longamente) sobre o porquê da ação de Stuntman Mike, e um deles suspeita que aquela é a única maneira de Mike atingir a satisfação sexual.


Uhul! 

Road movie: Apesar de Death Proof ser um Road Movie praticamente SEM estradas (QT conseguiu isso!), não desempolgue com o gênero. Há muita coisa boa por aí, a começar pelo clássico Easy Rider. Para quem curte Bzão, Faster, Pussycat! Kill! Kill!, do Russ Meyer, é uma ótima pedida. O filme de 1965 tem muito mais ação nas estradas que o título de Tarantino, além de ser repleto de mulheres gostosas em menos roupas que seu congênere de 2007. Outro antiguinho, prestes a ser refilmado, é Death Race 2000, de 1975. Primeiro sucesso de Stallone nas telonas, também conta com outro ator "Tarantinizado": David Carradine, o Bill de Kill Bill. Vanishing Point, cujas referências no longa de Tarantino vão desde o carro utilizado pelas garotas na cena final, até a capa do DVD, é muito superior que Death Proof. E isto que Vanishing já é um respeitável senhor de 36 anos... 

Depois de tudo: Em menos de dez minutos eu já queria desligar o televisor. QT encheu o filme de gordura na forma de diálogos. É um must para os fãs hardcore do diretor, mas um incômodo para todo o resto. Uma pena. Como nem tudo é dispensável, as cenas de perseguição são do caralho! 

Cena favorita: QT tem suas peripécias. Que tal repetir quatro vezes a mesma batida, para todos terem a certeza de que não perderam nada dela?

22 setembro, 2007

CRASH


Gênero: Drama 

Ano: 1996 

Com: James Spader, Elias Koteas, Holly Hunter, Deborah Kara Unger, Rosane Arquette 

Direção: David Cronenberg 

Argumento: Após acidentar-se seriamente de carro, um diretor de TV descobre uma sub-cultura que utiliza acidentes automobilísticos e suas vítimas como fetiche sexual. Ele então utiliza-se desta sub-cultura para tentar rejuvenescer sua vida sexual com sua esposa. 

Sinopse: "Interesso-me pelas mudanças e adaptações pelas quais o homem se submete através da tecnologia moderna". Com esta frase, Elias Koteas, como Vaughan, resume a ideologia presente por trás do livro de J.G. Ballard e do filme de Cronenberg. Analisando-o sobre a ótica desta frase, descobre-se que Crash é um herdeiro dos filmes cyberpunks (e, de fato, muitas vezes integrante da lista dos mesmos), que já rendeu pérolas como Tetsuo, the iron man e Pinochio 964. Ambos possuem a mesma premissa de Crash: transformar em fetiche a fusão entre homem e máquina. Enquanto Tetsuo parte para o lado "hardcore" da fusão física - i.e. transformando o protagonista em um amontoado de carne, aço e componentes eletrônicos - Crash idolatra o corpo humano modificado através da espontaneidade, do acaso. Bate-se o carro e transforma-se em fetiche o corpo destroçado que dela resulta, como no caso de Gabrielle (Rosane Arquette). Outra pérola de filosofia largada durante Crash é o momento do acidente, e todas as relações entre os envolvidos. É como um toque divino, um simples segundo em que vidas com nada em comum se cruzam, em oposição ao isolamento criado pelo próprio meio de transporte, que trancafia cada indivíduo em seu carro. Para não deixar o óbvio sair para uma voltinha (de preferência de carro, hehehe), deve ser acrescentando que Crash é o fetiche consumista da sociedade modernada por automóveis levado ao extremo. Brilhante!
Nota: 10



Atuação: James Spader iria tornar-se o ator perfeito para os tipos sexualmente esquizofrênicos. Após "Sexo, mentiras e videotape", ele repetiu a dose em "Crash" e, recentemente, em "Secretária". Spader possui um estilo minimalista e um olhar extremamente irônico. Às vezes seu personagem, James Ballard, parece um pouco indeciso no que fazer. A esposa de James, Catherine (Deborah Kara Unger) é um "tipo": a mulher é uma ninfomaníaca, e só. Deborah é muito bonita, mas sua voz monotônica e sussurante torna-se rapidamente enjoativa. Holly Hunter está bastante sensual como a doutora tarada mas, se já fazia parte ou não do culto de Vaughan, nada é dito. Elias Koteas, como Vaughan, é brilhante. Sua interpretação do ex-engenheiro de tráfego que acredita existir uma forte relação entre acidentes automobilísticos e a paixão do ato sexual, é sincera, ofegante, cheia de expectativas - todas muito bem cumpridas. Em geral, todos os personagens de Crash são insensíveis emocionalmente, chocados - caminham como se estivessem num sonho - e indefinidos quanto ao que querem da vida. Tornam-se apenas completos quando dentro de seus carros (como a doutora que só mantém relações sexuais dentro deles; Gabrielle e suas deformações; Vaughan, tão magro e tão feio, mas tão potente sexualmente dentro de sua lata-velha; e, posteriormente, Ballard agindo sobre sua esposa Catherine).
Nota: 7 

Roteiro: Sexo é utilizado para desenvolver os personagens e levar o filme adiante. Mas o sexo, em 90% do filme, não é excitante nem nada. Muitas vezes chega a ser nojento. E a idéia é exatamente esta: enquanto filmes pornôs apresentam sexo sem mérito artístico (podem até chocar, e muitos o fazem), Crash é artístico ao extremo. O efeito da tecnologia moderna sobre a psiquê dos personagens é tanta - e tão grave - que eles sentem-se excitados apenas na situação extrema de um acidente. Muitas das cenas de sexo, também, ocorrem DENTRO dos automóveis, com os mais diferentes pares - casais, gays, lésbicas, trios, etc. Quanto ao todo do roteiro, apesar do início rápido, o roteiro dá uma vacilada pela metade, preocupado em mostrar o culto de Vaughan e desenvolver a relação dele com James, mas deixando personagens interessantes de lado - principalmente a esposa Catherine. Transformar romances em filmes é complicado e sempre uma das partes acaba prejudicada.
Nota: 7 

Direção: Levar Ballard para o cinema não é uma tarefa fácil, e Cronenberg sabe disso. Arrisco dizer que, se não fosse o diretor canadense, ninguém - pelo menos não em Hollywood - conseguiria essa transposição. O estilo de Cronenberg e sua paixão por personagens psicologicamente desequilibrados e mutações físicas - não raro devido aos próprios sintomas psicológicos - fecha redondo com a crônica obscura de Ballard. Existe uma máxima que afirma que o máximo da arte é não deixar-se perceber - não entendam como pasteurização - e Cronenberg atinge isto aqui: deixa de lado algumas opções características suas para levar adiante a história, tornando-se quase imperceptível. Mérito seu.
Nota: 8 

É arte: Diz-se que um quadro não possui uma verdade, mas várias. E estas verdades dependem muito do como o receptor está sentido-se no momento: se está alegre, triste, impaciente, raivoso, etc. Enquanto muitos filmes inserem um certo "ânimo" numa pessoa, quando esta está simplesmente receptiva, Crash pega o caminho inverso. Não basta estar receptivo para ver Crash; o estado de espírito do espectador - assim como seu próprio código moral - conta muito. O resultado pode ser considerar um Crash um filme chocante, revoltante, fascinante, engraçado, belo, ou simplesmente chato. Não é, portanto, um filme para os "não-iniciados", tanto na obra de Cronenberg quanto na capacidade de entender e admirar o cinema como arte - e a arte como subversão. 

Depois de tudo: David Cronenberg está se tornando, facilmente, um dos meus diretores favoritos. Crash tem tantas interpretações diferenciadas que vê-lo novamente é quase uma obrigação - fico pensando o que deixei passar enquanto estava preocupado em digerir o que recém havia visto... 

Cena de sexo favorita: James Spader e uma deformada Rosane Arquette. Obviamente, dentro de um carro.

21 setembro, 2007

FREAKS

Gênero: Terror Clássico da Universal 

Ano: 1932 

Com: Olga Baclanova, Harry Earles, Daisy Earles, Leila Hyams, Wallace Ford 

Direção: Tod Browning 

Argumento: Pode uma mulher normal amar um anão?


A turma reunida com Browning entre eles. 

Sinopse: A bela e maquiavélica trapezista Cleopatra é admirada pelo colega de Circo e anão Hans. Frieda, noiva de Hans (também uma anã), avisa-o que Cleopatra está apenas interessada em sua herança bilionária, pois esta já possui um envoviomento com Hércules, o homem-forte do Circo. Hans não lhe dá ouvidos e deixa-se envolver no plano arquitetado por Cleopatra e Hércules, que resulta no casamento do anão com a trapezista. Durante a festa de casamento, Cleopatra, bêbada, atira-se nos braços de Hércules, levando Hans à humilhação. Apesar disto, ela é aceita pelas outras aberrações, o que a leva à loucura quando é comparada a eles. As berrações desmascaram o plano de Cleopatras e partem para a revanche, dispensando Hércules do Circo e arranjando uma nova carreira para Cleopatra, como a Mulher-Galinha.
Nota: 10


Wallace Ford é o palhaço Phroso 

Atuação: O casal de anões, Hans e Frieda, possuem as melhores atuações da fita. Talvez, também por serem os dois personagens mais desenvolvidos - Frieda no vácuo de Hans. Os dois eram um casal também na vida real, Harry e Daisy Earles e, enquanto Harry era um ator conhecido (atuou em mais de uma dúzia de produções entre as décadas de 20 e 30), sua esposa participou apenas de Freak e O Mágico de Oz, de Fleming, ao lado do marido. Palmas também para os ótimos atores Wallace Ford (Phroso) e Leila Hyams (Venus), também possuidores de carreiras exitosas. Apesar de as aberrações serem atores de primeira e única viagem, não deixam de ser artistas talentosos, principalmente as irmãs siamesas Daisy e Violet. Única ressalva para Olga Baclanova, carregada no sotaque russo e nas expressões exageradas.
Nota: 9


As gêmeas siamesas Daisy e Violet curtindo um momento de descontração após a fama. 

Roteiro: Todd Browning soube aproveitar bem o plantel de "aberrações" que tinha à mão. As sub-histórias de relacionamento entre eles são bem interessantes. Além do fio condutor principal, bem desenvolvido, entre Hans e Cleopatra, ainda existe o romance entre o palhaço Phroso e a bela Venus; o nascimento do filho da Mulher-barbada e, principalmente, a dificuldade de se manter relações com gêmeas siamesas. Essa subhistória é a mais deliciosa: Daisy é casada com um irascível e ciumento palhaço, enquanto sua irmã, a tempestuosa Violeta, enamora-se de um "normal" muito bem apessoado. A cena em que os dois pretendentes das irmãs conhecem-se, e convidam-se para "visitá-lo e à sua esposa" é divertidíssima. Ponto também para o hermafrodita Joseph-Josephine e a ótima piada a respeito dele/dela: "acho que ela gosta de você, mas ele não".
Nota: 9


As aberrações: "She's one of us! One of us!" 

Linguagem: Ah, o cinema clássico de horror da Universal, com seus planos americanos, cortes rápidos, cenários trabalhados e lento desenvolvimento dos personagens... Está tudo lá. Tod Browning possui um estilo bastante apurado para época, com um senso incrível de onde colocar a câmera. Devido aos cortes impostos pelo estúdio, a edição ficou um pouco confusa. Existe até duas caras tomadas fora de estúdio, uma com uma dolly ao luz do dia, outra à noite, no meio de uma tempestade (a qualidade visual da fita neste ponto decai enormemente, por razões óbvias). Em alguns diálogos, para efeito dramático, a câmara move-se (ao que parece, no ombro do operador, mas seria isso possível em 1932?). Num costume posteriormente incorporado por gente como Hitchcock, a primeira cena, através de um panorâmica, ambienta o filme, enquanto um personagem-narrador explica, na forma de diálogo, tudo o que vai acontecer sem, ao mesmo tempo, nunca contar nada.
Nota: 8


Hans, manipulado por Hércules e a vil Cleopatra 

Desenvolvimento: O filme é segmentado em duas partes, com apenas um ponto de virada, o que provavelmente atrapalha à nós acostumados com a estrutura "sydfieldiana". Na primeira metade (a primeira meia-hora da fita), somos apresentados a todos os personagens e todas as relações existentes entre eles. Ao lado da história principal (o "quadrado" amoroso entre Hans, Frieda, Hércules e Cleopatra), desenvolve-se outros núcleos de personagem, como Venus e Phroso e as irmãs siamesas. Na segunda metade, com virada na cena do casamento, há o desmascaramento do plano de Cleopatra, a orquestração da vingança das aberrações e a execução da mesma. Como o filme tem apenas 64 minutos e, sabendo da história complicada por qual ele passou, tem-se sempre a clara impressão de que várias cenas ficaram de fora da edição final. Algumas cenas carecem de explicação (como o porque de Venus ter deixado seu antigo amante), assim como muitos personagens carecem de desenvolvimento - praticamente, todas aquelas que não tem aparência "normal" ficam de fora, como as trigêmeas retardadas, a mulher-barbada (que nunca aparece em close), o homem-saco, a garota-sem-braços, etc. Apesar disso, o núcleo central da história é bem construído e desenvolvido.
Nota: 7 

Total: 86% 

Proibidão: Freaks é um filme mais comentado do que propriamente assistido. A idéia de que não existe maquiagem nem próteses nos atores, que tudo aquilo ali é real é chocante até hoje. Como bom apreciador do Gordon Lewis que sou, sempre gostei dos meus filmes com pitadas generosas de gore mas sempre corri quando coisas mórbidas como fotos de acidentes, operações, mutilações, ou Faces da Morte caiam em minhas mãos. Há uma linha bem definida entre a ficção e a realidade que nunca deveria ser transposta. O ar de "filmão proibido" para Freaks é, porém, do mais benéfico. Todd Browning quase jogou sua carreira fora depois desta insanidade. Afinal, não seria um insano quem fizesse um filme sobre aberrações COM aberrações em plena década de 1930, quando não existia a mínima informação sobre estes indivíduos? Só mesmo um visionário como Browning. A simples idéia de executar um filme destes, com estas circunstâncias, ainda hoje causa repulsa. 

Depois de tudo: Clap! Clap! Clap! Maravilhosamente orquestrado e executado, o filme me prendeu do começo ao fim. Pena que algumas aberrações não foram muito exploradas, devido à censura da época. Nada que afete a qualidade do produto final, que certamente deve figurar entre os clássicos da Universal. Palmas para Browning pela ousadia e para as aberrações pela coragem. Um clássico do cinema do terror. 

Cena favorita: Quando as aberrações, durante uma tempestade, engatinham armados na lama para vingar-se de Hércules. Uma das cenas clássicas do cinema.

20 setembro, 2007

THE LOST EMPIRE

Ninjas discretos com suas "estrelas" hipnóticas assassinas 

Gênero: Filme B de Artes Marciais 

Ano: 1985 

Com: Melanie Vincz (Angel Wolfe), Raven De La Croix (Whitestar), Angela Aames (Heather), Paul Coufos (Rick) 

Direção: Jim Wynorski 

Argumento: Após o policial Rob Wolfe ser morto enquanto tentava parar uma gangue de ninjas de assaltar uma joalheria, sua irmã, a policial Angel Wolfe, decide vingar sua morte. Sua investigação leva ao misterioso Dr. Sin Do, que supostamente é assessorado pelo necromante mago Lee Chuck. O doutor está promovendo um concurso de artes marciais no seu forte secreto. Lá, Angel, após juntar-se com duas amigas lutadoras (Raven e Angela), entra no torneio a fim de dar umas porradas em Sin Do e seu mago morto-vivo em nome do seu irmão.


Nossa heroína, a (nem sempre) durona Angel Wolfe 

Sinopse: Após ler o argumento acima, você se pergunta: "Diabos, onde está o Império do título?". Seguinte: para aumentar a enrolação, existe uma história sobre a Lemúria antiga, onde todo o poder desta incrível civilização perdida foi colocada em duas orbes que, se juntadas novamente, podem dar o poder do mundo para quem as possuir. Onde isso se encaixa no roteiro? Em algum lugar entre as intenções de Sin Do e Lee Chuck (que não sejam curtir garotas semi-nuas lutando).
Nota: 4


"Quietas, isto não é um piquenique! 

Atuação: Qual? As "atrizes" são três gostosas peitudas, que usam pouca roupa e atiram frases extremamente não-convicentes. Uma delas merece ser citada: Raven Delacroix, a esquecida bimbo do Up! de Russ Meyer, como a "índia" Whitestar. O filme é produzido por ela e ela aparece em nu frontal no finalzinho. Outro que merece ser lembrando é Angus Scrimm, o malvadão Sin Do, da série Phantasm. Mas o destaque vai mesmo para Paul Coufos, como o interesse romântico de Wolfe, Rick. Cara, o bigodinho canastrão não deixa ninguém ter dúvida de que se trata de um belo exemplar do cinema B.
Nota: 3


Raven de la Croix "vestida" de Whitestar 

Roteiro: Depois de ler a sinopse e o argumento, não preciso mais comentar, preciso? Qualquer filme que tenha frases do tipo "Se você for à escola, punk, melhor aprender a contar" merece ser posto em um altar e reverenciado simplesmente por ter sido filmado.
Nota: 3,5


Prefiro não saber como esse chicote entrou na prisão... 

Desenvolvimento: Ed Wood! Jim Wynorski bebeu da fonte Dele para fazer um exploitation estupidamente estúpido! Todas as coisas realmente (des)agradáveis que você poderia esperar de um filme B estão lá: péssima atuação, roteiro cheio de balões, figurinos esdruxúlos, decoração de set precária e efeitos "especiais" ruins até mesmo pra época. A edição, apesar de inúmeros erros de raccord, é bem boa. O mais bacana é que o filme faz o favor de não se levar a sério em nenhum momento (o que faz dele, apesar de possuir a mesma premissa de muitos filmes do Van Damme, bem mais "assistível" que os filmes do dito cujo). Como a intenção do filme é ser um filme B com mulheres gostosas em roupas sumárias lutando, considero-a inteiramente cumprida!
Nota: 7 

Total*: - 56% 

B-Factor: Além de tudo acima, algumas coisas ainda merecem ser mencionadas. A primeira aparição de Wolfe já é clássica: ela aparece toda de preto, do capacete aos coturnos, pilotando furiosamente uma Kawasaki. Invade um jardim de infância onde crianças são mantidas reféns pelo grupo de ladrões mais imbecis dos filmes B e detona todo mundo. Obviamente que ela teve a "ajudinha" de um dos ladrões, que resolveu desafiá-la com canivete enquanto ela exibia desafiadoramente seu .38. Outras cenas memoráveis incluem a "conjuração" de Whitestar (Raven), surgida no meio de uma aldeia indígena; a luta na prisão de Heather (Angel) contra uma detenta que não veste-se com o uniforme do encarceiramento (ela tá mais para uma S&M Queen do que prisioneira); Paul Coufos sendo "assediado" por dois gays caricatos; e a cena inicial, onde um velhinho chinês fica cuidando os peitos da sua cliente sem perceber que sua loja está lotada de ninjas com intenções no mínimo duvidosas.


Num filme destes não poderia faltar uma aranha-robô, poderia? 

Quem? Jim Wynorski é mais um dos diretores com tradição de esconder-se atrás de pseudônimos devido à quantidade de porcarias que fazem. Assim, ele é conhecido também como H.R. Blueberry, Harold Blueberry, Bob E. Brown, Daniel Fast, David Gibbs, Heny Henri, Noble Henri, Nobel Henry, Noble Henry, Tom Popatopolous, Arch Stanton, Jamie Wagner, Thaddeus Wickwire e, mais frequentemente, Jay Andrews. Somente assim ele foi capaz de dirigir 68 filmes, segundo o IMDB, e continuar na ativa, com diversas produções direto para vídeo e TV. Atualmente, está dirigindo The Breastford Wives (sim, Breadford Wives versão sexploitation, hooray!). 

Depois de tudo: Um sério concorrente para o título de PIOR filme de todos os tempos. É sem sentido e estúpido, mas também é divertido, ágil e repleto de belas garotas com pouca - ou nenhuma - roupa. Uma bela maneira de se perder uma tarde! 

Frase favorita: "Eu odeio aranhas-robôs"

*Filmes B tem suas cotações invertidas. ; )

18 setembro, 2007

PRISONERS OF THE LOST UNIVERSE

Gênero: Filme B de Ficção Científica 

Ano: 1983 

Com: Richard Hatch (Dan), John Saxon (Kleen), Kay Lenz (Carrie), Peter O'Farrell (Malachi) 

Direção: Terry Marcel 

Argumento: Três pessoas são transportadas para um universo paralelo. Lá eles descobrem que deverão utilizar armas medievais para salvar os cidadões e a si próprios das garras de um violento rei.


Key Lenz prova que é uma garota difícil 

Sinopse: Uma jornalista mal-comida, após presenciar o teste de um teletransporte de um cientista maluco, vai parar numa outra dimensão. Acompanhada de um eletricista lutador de kendô, ela é capturada por um violento rei (John Saxon), que planeja fazer dela uma escrava. O eletricista, Dan, reúne-se com várias criaturas fantásticas (um elfo verde, um anão ladrão e um... um.. homem-bicho) para salvá-la das garras do malvadão. Há de se convir que existe uma certa criatividade na história, e uma certa inteligência em algumas partes.
Nota: 5


Saxon: "Que rei sou eu?" 

Atuação: Apesar de John Saxon ter um currículo considerável (A Nightmare On Elm Street, From Dusk till Dawn), o seu personagem (Kleel) é o mais "vazio" de todo o elenco. Às vezes ele é um durão filho de uma puta com mania de grandeza que fala na terceira pessoa, outras horas ele é um inteligente arquiteto do Caos (sim, com "c" maiúsculo para provar a breguice). Kay Lenz interpreta uma jornalista mal-comida com certa desenvoltura (apesar de duvidar serem essas as intenções originais da personagem) e Rich Hatch (o Capitão Apollo de Battlestar Galactica em pessoa) mostra todos seus dotes como um eletricista também lutador de kendô (uma solução muito perspicaz para o roteiro, admitam). Peter O'Farrell como Malachi, o anão, e Ray Charleson, o elfo verde, também são convicentes nos seus papéis - mesmo que eles sejam bastante ridículos.
Nota: 5


Rich Hatch lamenta o fim de Battlestar Galactica 

Roteiro: Prestem atenção no seguinte: um cientista maluco (assim chamado no próprio filme, caso existam dúvidas) testa seu teletransporte durante uma série de terremotos na Califórnia. Com certeza haverá um acidente, não? Para completar, é preciso de alguma maneira inserir o herói na história. Como? Bem, fazendo ele se acidentar no trânsito com a mocinha, então ele fica a pé e acaba indo parar na única casa das redondezas - a do cientista maluco, claro! Durante o desenrolar da história, a quantidade de "confusões" que Richard Hatch se mete atrapalha o desenrolar mas, acreditem!, já vi coisas muito piores.
Nota: 6


Que alegria ou "o que estou fazendo aqui pintado de verde?" 

Desenvolvimento: É uma puta sacanagem falar em "linguagem cinematográfica" em filmes como este. Terry Marcel até consegue umas cenas bacaninhas mas, no geral o filme todo se parece muito igual. Tem o jeitão dos filmes da Sessão da tarde: ângulos tradicionais, figurinos bagaceiros, edição de som ruim pacas e uma trilha sonora de gosto, no mínimo, duvidoso. De positivo é a mesma "sobriedade" de Marcel, que não sai colocando a câmera em todos os lugares possíveis, evitando assim uma confusão pros incautos que gastam seu tempo assistindo este "filme".
Nota: 4


Atenção para a cena "Peter Jackson atolado na lama"! 

Total*: - 49% 

B-Factor: Essas três são das "coisas que aprendi vendo filme". Na Califórnia, os residentes dirigem carros ingleses (com a direção na direita); cavalos selvagens já vêm completos com selas e prontos para serem montados; e, caso você sinta sede durante uma visita campestre, você pode enfiar um canudinho no solo e chupar até sair água... 

Depois de tudo: A premissa é batida, as soluções do roteiro são tosconas, o visual é datado mas... eu me diverti pacas. As atuações são convicentes, mesmo os personagens sendo vazios (no caso do Elfo Verde), escrachados (Malachi), exagerados (a jornalista mal-comida) e contraditórios (Kleel). O problema é que fazer um filme desses em 1983, na Grã-Bretanha, não era muito promissor. No mais, entre Eragon e Prisioners of the Lost Universe, ficamos com o último! 

Frase favorita: "Eu não confio nele! Ele é... verde!"

*Filmes B tem suas cotações invertidas. ; )