23 setembro, 2007

DEATH PROOF


Gênero: Exploitation

Ano: 2007

Com: Kurt Russell, Rosario Dawson, Rose McGowan, Vanessa Ferlito, Jordan Ladd, Sydney Poitier, Tracie Thoms, Mary Elizabeth Winstead, Zoe Bell, Monica Staggs 

Direção: Quentin Tarantino 

Argumento: Dois grupos distintos de mulheres gostosas são perseguidas por um dublê que utiliza seu carro "à prova de morte" para executar seus planos homicidas.


Garotas bonitas, filmes B e pés: todos os fetiches de Tarantino reunidos


Sinopse: Por razões obscuras, o dublê de ator "Stuntman" Mike persegue garotas gostosas e as executa. Mike ficou "parado" na década de 1970, quando atuou na Indústria como dublê de clássicos do cinema B. O primeiro grupo que Mike persegue é formado pela radialista Julia Jungle (Sydney Portieir, filha do Sidney Portieir) e suas amigas Shanna, Lanna Frank e Arlene (a gostosa Vanessa Ferlito). As quatro são extremamente chatas e irritantes - um resumo maldoso de uma juventude que "se acha" - e merecem a morte, mais do que a morte as merece. Kurt Russel, como o Stuntman, faz o favor de levá-las para o além em ótimo estilo (e uma ajudinha de Tarantino, que repete quatro vezes a seqüência do acidente). Na segunda metade do filme, somos apresentados às dublês Kim e Zoe (Zoe Bell), à maquiadora Abby (Rosario Dawson, ótima como sempre) e à bobinha Lee. Aqui a coisa complica para o Stuntman, pois as garotas são tão malucas quanto ele. Uma bem-vinda cena de perseguição entre Stuntman Mike e as garotas encerra a fita.
Nota: 7


Stuntmen Mike propondo para Rose McGowan uma voltinha cheia de segundas intenções 

Atuação: Quem rouba a cena é Kurt Russell. Não sei se por pura empatia minha, mas o cara de colossos como "Fuga de NY", "Fuga de LA", "Aventureiros do Bairro Proibido", "3000 milhas do Inferno" e "Tango & Cash" é deveras carismático. Canastrão, fanfarrão, gozador... o cara tem tudo para ser o Rei dos Filmes B (se já não é, observando os títulos antes citados). Apesar de nunca realmente sabermos quem é Stuntman Mike, quem se importa, certo? Ele tem a cara e o carisma de Kurt Russell, e está lá pelo puro prazer de se divertir - até morrer. Completam o elenco as boas atuações de Rosario Dawson e Zoe Bell, e o próprio Quentin Tarantino numa ponta engraçadíssima, como de costume. Eli Roth também dá as caras. No geral, QT sabe como tornar as inúmeras linhas de diálogo convincentes na boca de seus atores.
Nota: 8


O grupo que merece morrer! (e Eli Roth no meio) 

Direção: Como já dito, QT sabe como fazer bom uso de seus atores na hora em que interpretam seus diálogos exaustivos. Eles soam convicentes. Mas desta vez ele perdeu a mão na hora da edição e do roteiro, e toda sua habilidade para escrever diálogos e para criar boas cenas encharcadas de sangue não salvam o filme. Uma pena. Parece que - ironicamente - QT não tem a "manha" para dirigir os filmes B que tanto idolatra. Ele é um cineasta de primeiro nível e, por isto mesmo, acaba tentando trazer cérebro para algo que deva parecer (e permanecer) descerebrado. Seu fetiche por pés é exaustivamente explorado em Death Proof.
Nota: 6


"Ei, ei, ei, Kurt Russell é nosso rei!" 

Roteiro: O fiapo de enredo é bastante rudimentar. Para "encher lingüiça", Quentin Tarantino abusa do que faz melhor: diálogos repletos de referências à cultura pop. Mas, como todo o abuso é prejudicial, é exatamente essa verborragia interminável que faz do filme um verdadeiro PÉ NO SACO de assistir. Ok, nós entendemos que o primeiro grupo de garotas é vulgar, mas essa idéia é-nos martelada na cabeça até o dizer-mos "chega!". A segunda hora do filme é melhor, tanto por possuir personagens melhores, quanto atuações melhores, e mais rapidez no desenrolar da trama. Mesmo assim, não existe necessidade em gastar vinte minutos de filme para apresentar cada grupo de personagens.
Nota: 5


O carrão de Stuntman Mike 

Desenvolvimento: A tentativa de QT em homenagear os filmes de sua adolescência o levou a esquecer de uma regra básica dos mesmos: um filme é feito para a diversão de equipe e público. Os mesmos filmes em que ele se inspira possuíam pouquíssimos diálogos, exatamente pela reconhecida incapacidade para se escrever algo que prestasse. Baseavam-se mais na edição rápida, nas cenas espetaculares (de dublês de carro) e efeitos "especiais" sangrentos. Tarantino parece esquecer tudo isso. Criou um filme cabeçóide de uma premissa simples. O filme é lento e cheio de diálogos que só atrapalham a ação. Quando Stuntman Mike atinge as pistas - é o que queremos, QT! - o filme melhora bastante. Nestas duas míseras cenas funciona!
Nota: 5 

Total: 62% 

É B ou não?: Surgiu uma dúvida na hora de avaliar Death Proof. Como norma, inverto as notas dos filmes B que avalio. Estão aí Prisoners of the Lost Universe e The Lost Empire para exemplificar. A Dimension Films vendeu Death Proof como um filme B. Então, logicamente, não deveria ter ele também a cotação invertida? Acredito que não. Por vários motivos, o mais óbvio sendo que o filme é repleto de astros; o mais obscuro: QT fez um filme cabeça de um filme B, Deus sabe como. As citações sobre cultura pop são tantas - e tão cansativas - que até Crash (meu último avaliado) foi citado: dois detetives conversam (longamente) sobre o porquê da ação de Stuntman Mike, e um deles suspeita que aquela é a única maneira de Mike atingir a satisfação sexual.


Uhul! 

Road movie: Apesar de Death Proof ser um Road Movie praticamente SEM estradas (QT conseguiu isso!), não desempolgue com o gênero. Há muita coisa boa por aí, a começar pelo clássico Easy Rider. Para quem curte Bzão, Faster, Pussycat! Kill! Kill!, do Russ Meyer, é uma ótima pedida. O filme de 1965 tem muito mais ação nas estradas que o título de Tarantino, além de ser repleto de mulheres gostosas em menos roupas que seu congênere de 2007. Outro antiguinho, prestes a ser refilmado, é Death Race 2000, de 1975. Primeiro sucesso de Stallone nas telonas, também conta com outro ator "Tarantinizado": David Carradine, o Bill de Kill Bill. Vanishing Point, cujas referências no longa de Tarantino vão desde o carro utilizado pelas garotas na cena final, até a capa do DVD, é muito superior que Death Proof. E isto que Vanishing já é um respeitável senhor de 36 anos... 

Depois de tudo: Em menos de dez minutos eu já queria desligar o televisor. QT encheu o filme de gordura na forma de diálogos. É um must para os fãs hardcore do diretor, mas um incômodo para todo o resto. Uma pena. Como nem tudo é dispensável, as cenas de perseguição são do caralho! 

Cena favorita: QT tem suas peripécias. Que tal repetir quatro vezes a mesma batida, para todos terem a certeza de que não perderam nada dela?

3 comentários:

  1. velho gostei muito do filme, mais os diálogos são longos e chatos, tem um momento que o MIKE fica tanto tempo sem aparecer q tava começando a desistir do filme pois não tinha mais ação só blá blá, não sou fã do QT mais realmente gostei do filme, surpreendeu, agora estou baixado o planeta terror vamos vê o que dar.
    abraços

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  2. Cara, tô assitindo ao filme neste exato momento (na cena em que as meninas estão na lanchonete), e como você, pensei em desistir nos primeiros 15 minutos. Já assisti 'Planet Terror' (inclusive o tenho em DVD), e apesar do roteiro de 'Death Proof' ser, em teoria, melhor e mais crível do que o de 'Planet Terror', até agora esse filme tá capengando. Nunca fui fã de QT e pelo que já assisti dele, nunca vou ser. Chega a me enojar certas pessoas que eu conheço, que só assistiram Kill Bill e acham que o cara é o rei da cocada preta. Pra mim, até mesmo o "splat packer" Eli Roth é infinitamente melhor. Acho que entre eles, o Eli só perde pro Rodriguez. Esse sim manda muitíssimo bem! E vou lá, terminar de assistir Death Proof...

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